Diogo Gaspar, director do Museu da Presidência, foi detido esta manhã pela Polícia Judiciária. De acordo com uma nota da Procuradoria-Geral da República (PGR), Diogo Gaspar será presente a um juiz de instrução criminal. Foram feitas buscas em vários locais, não só no próprio museu e na secretaria-geral da Presidência da República, em Lisboa, mas também em Portalegre, envolvendo oito magistrados e três dezenas de inspectores da PJ. O inquérito-crime, em que Diogo Gaspar é, para já, o único arguido, foi baptizado de Operação Cavaleiro.
A Polícia Judiciária, numa nota publicada no seu site oficial, diz que “foram apreendidos relevantes elementos probatórios, bem como diversos bens culturais e artísticos que, presumivelmente, terão sido descaminhados de instituições públicas”. O Expresso apurou que esta apreensão foi feito em casa de Diogo Gaspar.
Segundo um comunicado da PGR, o inquérito que levou à detenção do director do museu foi iniciado em Abril de 2015. “Investigam-se suspeitas de favorecimento de interesses de particulares e de empresas com vista à obtenção de vantagens económicas indevidas e suspeitas de solicitação de benefícios como contrapartida da promessa de exercício de influência junto de decisores públicos”, explica o Ministério Público. “Investigam-se, igualmente, o uso de recursos do Estado para fins particulares, a apropriação de bens móveis públicos e a elaboração de documento, no contexto funcional, desconforme à realidade e que prejudicou os interesses patrimoniais públicos”.
Em causa estão indícios de terem sido praticados crimes de tráfico de influência, falsificação de documento, peculato, peculato de uso, participação económica em negócio e abuso de poder.
Diogo Gaspar, de 44 anos, foi condecorado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago, em 2014, pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva. Já antes, em 2006, tinha sido condecorado pelo Presidente Jorge Sampaio com o grau de Comendador da Ordem Nacional do Infante D. Henrique. Em Setembro de 2001 tornou-se coordenador do Museu da Presidência, tendo sido nomeado seu director em Outubro de 2004.
COMUNICADO NA ÍNTEGRA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
“Confirma-se que as autoridades judiciárias desencadearam hoje buscas nomeadamente no Museu e na Secretaria-geral da Presidência, devido a suspeitas de actividades ilícitas por parte de um funcionário do Museu. Os fatos na origem do inquérito são anteriores ao actual mandato presidencial. O aludido funcionário, que goza evidentemente da presunção de inocência, é responsável do Museu da Presidência desde 2001, tendo sido condecorado por dois anteriores Presidentes. O Museu é administrativamente uma direcção de serviços da Secretaria-geral.
O Presidente da República instruiu as Casas Civil e Militar e a Secretaria-geral para darem toda a colaboração possível às autoridades judiciais, em total transparência e abertura, e espera que a Justiça possa exercer rapidamente o seu papel. Mais instruiu o Conselho Administrativo e a Secretaria-geral para reforçarem as medidas, já em curso, de fiscalização, controle da despesa e luta contra actividades ilícitas, auditando sistematicamente a gestão orçamental.”